Pedro Nascimento Cabral destaca importância histórica do 6 de junho para a autonomia açoriana
- 07-06-2025
O Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Pedro Nascimento Cabral, presidiu, esta sexta-feira, à sessão evocativa dos 50 anos da manifestação do 6 de Junho, no Centro Municipal de Cultura, tendo sublinhado a importância histórica e simbólica da data para o processo de construção da autonomia açoriana.
“Ainda muito recentemente, num debate com os antigos presidentes do Governo Regional - e embora com tonalidades e acentuações diferente -, foi pedra-comum que o 6 de junho terá servido de mola para o que viria a suceder depois: a consagração do regime autonómico na Constituição de 76”, deu nota.
Pedro Nascimento Cabral falava no início da cerimónia, que deu, depois, lugar a uma mesa-redonda moderada pelo jornalista Rui Paiva, contando com as intervenções de Carlos Amaral, Carlos Melo Bento, Luís Franco e Vítor Almeida.
O Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada fez questão de agradecer a disponibilidade de todos os intervenientes no painel para participarem na iniciativa, aproveitando para enaltecer todos aqueles que, como Carlos Melo Bento e Luís Franco, foram presos “sem culpa formada” por reivindicarem melhores direitos e um governo próprio nos Açores.
“Houve famílias que foram despedaçadas, há memórias e traumas que subsistem em pessoas que testemunharam, ainda crianças, o Exército a entrar em casa e a arrancar do ambiente familiar os seus pais, levando-os para parte incerta”, recordou.
Ainda antes, o Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada trazia à memória os milhares de micaelenses que, a 6 de junho de 1975, saíram à rua, num protesto que culminaria com a demissão do Governador Civil, António Borges Coutinho.
Para Pedro Nascimento Cabral, trata-se de uma data que continua a interpelar-nos, não apenas pela força dos acontecimentos que tiveram lugar há meio século, mas pelo debate-vivo que ainda suscita sobre as suas causas, os seus protagonistas e, acima de tudo, o seu real impacto político.
Entre relatos sobre o 6 de junho e as suas consequências, a sessão promovida no Centro Municipal da Cultura debruçou-se sobre o envolvimento da lavoura, dos movimentos independentistas e político-partidários na manifestação - sobretudo do Partido Comunista Português, que, então, se perfilava para governar o país.
Também contribuindo para resgatar o espírito vivido na época e para lançar o debate, o Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada partilhou um texto do jornalista e antigo diretor do jornal Correio dos Açores, Jorge Nascimento Cabral, intitulado “A Data!”.
“As datas têm destas coisas. Vivem na nossa memória. Percorrem o espírito como o sangue desvairado nas velas. Apertam a alma quando analisadas à distância. Caminham connosco, de mãos dadas, porque acreditamos no sacrifício como forma de mudança. Dominam sentimentos que estiveram na base de uma tomada de consciência coletiva. Impulsionam atitudes de dignidade. Reacendem forças anímicas quando recordadas. Exemplificam formas de ser e de estar. Dinamizam conceitos antigos de liberdade. Consciencializam mentalidades distraídas. Educam o jeito de olhar de frente. Dão esperança! Hoje, recorda-se. E reaprende-se”, citou.
A sessão evocativa decorreu de uma deliberação da Assembleia Municipal de Ponta Delgada, integrando-se nas iniciativas promovidas pelo município para preservar e refletir sobre a história política recente da Região, num espírito plural e aberto ao debate.